Será que uma artista de topo, com 20 anos de carreira, ainda tem sonhos por cumprir? À boleia do lançamento do single Desamor conversou com a revista CRISTINA sobre este novo trabalho musical.
CRISTINA – Ao fim de todos estes anos, com tanta estrada e reconhecimento, o que sente ao lançar um novo tema original?
MARIZA – O meu último trabalho, Mariza Canta Amália, foi a concretização de um desejo antigo de homenagear e demonstrar o maior respeito e admiração por Amália Rodrigues, a grande diva do fado, a quem agradeço eternamente os ensinamentos e inspiração. Neste novo trabalho, voltamos aos originais, uma fase diferente não só da minha vida, mas também do mundo. Mundo esse que está em constante mudança mas que, principalmente nos últimos anos, nos levou a
observar e pensar tudo de forma diferente.
CRISTINA – Que canção é esta, Desamor, e o que a inspirou?
MARIZA – O novo tema, Desamor, primeira amostra do álbum que sairá no final do ano, é fruto da colaboração com uma nova equipa de músicos, compositores e produção, que se uniu especialmente para este trabalho. Desenvolvemos em conjunto ideias e pensamentos, transformados em palavras para, de alguma forma, encontrar aquela que me parece ser a minha sonoridade, cada vez mais própria e desenvolvida.
(…)
CRISTINA – O fado está-lhe no sangue, mas ao longo dos anos tem explorado outras sonoridades. Enquanto artista, as “caixas” dos géneros musicais são uma prisão ou um conforto?
MARIZA – Desde já, obrigada pela muito interessante pergunta. Eu amo o fado. Desde muito cedo que cantá-lo, desenvolver a arte e aperfeiçoar a minha interpretação foi uma prioridade. No entanto, não considero justo espartilhar os artistas ou tentar compartimentá-los em gavetas. Penso que cada artista deve definir o seu caminho e fazê-lo caminhando, sem obrigações predefinidas, sem preconceitos. Logo, se lhe apetecer cantar apenas fado tradicional, acho muito bem que o faça,
mas, se por outro lado, lhe parecer que o melhor caminho será procurar algo mais pessoal, ou mesmo cantar um outro género musical, também acho muito bem. O que me parece correto é, obviamente, respeitar a música.
CRISTINA – Ainda na senda das “caixas” dos géneros musicais: como foi saber que Maria Joana tinha saído vencedora como Canção do Ano nos Prémios Play?
MARIZA – O tema Maria Joana, com o Nuno Ribeiro e os Calema, tornou-se numa espécie de canção do coletivo nacional. (Risos) Quando recebi a canção, ouvi-a com o meu filho no carro e, depois de chegarmos a casa, percebi que o Martim começou imediatamente a cantarolar o refrão. Esse foi o gatilho para aceitar participar. Que bom que o fiz. Foi uma junção de origens distintas. As minhas raízes moçambicanas com os sons tradicionais, a portugalidade do Nuno e a ginga de São Tomé que os Calema trazem. Resultou numa canção que toda a gente canta. O Nuno Ribeiro canta o Maria Joana nos seus concertos, mas, tanto eu como os Calema, também a incluímos nos alinhamentos dos nossos concertos. Tornou-se parte de cada um de nós. Receber o prémio de Vodafone Canção do Ano, que é a única categoria dos Prémios Play votada pelo público, foi um reconhecimento dessa certeza que todos nós sentíamos.
Leia a entrevista completa na página 136 da revista CRISTINA deste mês.