O que vivemos em Guimarães, nas CRISTINA Talks, foi marcante. A partilha, confiança e coragem do Fernando comoveu toda a gente. A conversa que vão ler aconteceu uma hora depois e mostra que, apesar de uma infância difícil, os sonhos se cumprem.
CRISTINA FERREIRA – Já estás recomposto? (Risos)
FERNANDO DANIEL – Agora, sim. Nervos? Já nem sei o que isso é. (Risos)
C.F. – Porque é que estavas nervoso?
F.D. – Porque sempre que falo da minha família, do meu percurso, mesmo que seja com muito orgulho, é uma porta que tem os seus dissabores. Quando a abro, tenho sempre receio de como vou lidar com esses dissabores. Falando para muita gente, fico mais sensível. Desde que fui pai, também me tornei uma pessoa muito mais sensível. O que me preocupava era mesmo isso. Não o discurso em si, mas como é que ia expor a minha vida a tanta gente. Através das músicas, as pessoas têm um piano, uma guitarra, a bateria. Aqui, era só a minha voz a falar.
(…)
C.F. – “Vim de lá” é importantíssimo. Não esquecer as sensações que tiveste, a tristeza que sentiste, a falta de sonhos. Naquela altura sonhavas muito ou achas que a vida era só aquilo?
F.D. – Sempre fui muito sonhador. Sempre quis muito – e por isso é que incentivo as pessoas a não limitar os objetivos.
C.F. – Nem a comparar-se com as outras pessoas.
F.D. – Se o sonho for feito com propósito, com orgulho e na quantidade certa, está tudo OK. A realidade que vivia na altura é que não se coadunava muito com os meus sonhos. Era de um meio pequeno, vivi durante muito tempo na casa dos meus avós, a partilhar o mesmo quarto com os meus pais e as minhas irmãs… Como é que podia, sequer, sonhar em dar um concerto para os meus amigos, se não os conseguia convidar a ir lá a casa para festas? A casa não era minha, existia vergonha por não ter as melhores condições…
Leia a entrevista completa ao artista Fernando Daniel, na edição de junho da revista CRISTINA.