Mulher furacão, mestre da comédia, atriz de mão-cheia e talentosa cantora. Marisa Orth, a eterna Magda de “Sai de Baixo”, está em Portugal com a peça “Fica Comigo Esta Noite”, ao lado de Miguel Falabella, e a revista CRISTINA não perdeu a oportunidade de conversar com ela sobre a carreira, os projetos e a família.
CRISTINA – Olá Marisa e seja muito bem-vinda às “páginas coloridas de cultura” da Revista CRISTINA. Quer explicar-nos a importância desta expressão?
MARISA ORTH – É uma expressão que uso sempre. Na minha infância, as revistas eram a preto e branco e apenas as duas páginas dedicadas à cultura eram a cores. Amava aquelas páginas, com as fotos coloridas, e pensava que queria fazer parte daquele mundo. Não me imaginava na parte preta e branca da vida. (Risos) Foi quando comecei a formar na cabeça o meu plano de vida.
CRISTINA – Este sonho de ser reconhecida vem desde criança? Afinal, desde menina que acenava a todos na rua…
MARISA ORTH – (Risos) É verdade, acenava mesmo, mas nunca foi um sonho ser reconhecida. Não creio que, só por si, seja uma coisa boa, vejo-o como
uma espécie de missão, uma capacidade. (Risos) A minha mãe sempre disse que eu entrava em qualquer lugar e cumprimentava todo o mundo e, até hoje, continuo assim. Essa minha característica acabou por combinar com o rumo que a minha profissão tomou.
CRISTINA – Ser atriz é tudo o que sempre sonhou para a sua vida profissional?
MARISA ORTH – É, sim, sem dúvida. Sempre sonhei ser atriz. Sempre percebi que poderia ser atriz e sentia essa vontade como uma vocação, uma missão e um
chamamento.
CRISTINA – Teve a sua primeira crise de idade aos nove anos, certo? Passaram quase 52 anos. Esse medo de envelhecer mantém-se?
MARISA ORTH – Sempre fui muito dramática… (Risos) Assisti à introdução consecutiva de velas únicas de bolo de aniversário com os números. Quando vi a vela
com o número 9, confessei ao meu pai a tristeza de ser o último ano em que tinha apenas uma vela no bolo, no ano seguinte seriam dois, e só com muita sorte alguma vez iria ter três. Era muito dramática e chata. O meu pai olhou-me com incredibilidade e mandou-me ir tomar banho. (Risos) Hoje já não tenho medo de envelhecer, fico até bem feliz por ainda não ter morrido. (Risos) Acredito em astrologia, sou libriana [Balança] e só me arrependo daquilo que não fiz ou deixei de fazer.
CRISTINA – Foi esse dramatismo que lhe deu a alcunha de “manteiga derretida”?
MARISA ORTH – (Risos) Você sabe disso?! Era isso, sim, chorava por tudo, era sensível e dramática de mais.
CRISTINA – Sempre ambicionou representar mas, em simultâneo com o curso de Arte Dramática, também tirou o curso de Psicologia. Era um plano B ou uma ferramenta para ser melhor atriz?
MARISA ORTH – Foi uma pressão. A escola que queria fazer, de Arte Dramática, era um curso técnico. Os meus pais sempre valorizaram muito a formação académica e queriam que frequentasse a faculdade e fizesse um curso académico. No fundo, eles não acreditavam que pudesse sustentar-me sendo artista. Não foi uma ferramenta para ser melhor atriz, acho que era uma espécie de plano B. Hoje, sinto-me orgulhosa de ter feito esse curso. Além disso, na faculdade
entendi que a minha grande contribuição para a psicologia era como paciente. (Risos) Isso ajudou-me a entender que precisava fazer terapia e salvou a minha vida muitas vezes.
Leia a entrevista completa na revista CRISTINA de outubro.