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O outro lado de Rosinha

Ago 1, 2024 | Revista

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Ago, 2024

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A morte do pai, a decisão de não ter filhos, o amor de Tony, o apego ao campo e a alegria como modo de vida. Conheça mais sobre a cantora que percorre o país com alguns dos melhores trocadilhos da música popular.

C.F. – Sentes que há duas pessoas: a Rosinha dos palcos, que nós vemos, e a Rosa que hoje tenho aqui à frente?
R. – Então não há?! (Risos)

C.F. – Com muitas diferenças?
R. – Não. A maior diferença está na roupa e na cor. Não visto vermelho, amarelo, verde, laranja.

C.F. – Não gostas de saias.
R. – Hoje, em homenagem a ti, estou de saias! (Risos) No meu dia a dia não visto saias.

C.F. – Sentes-te confortável no palco, quando vais com os teus vestidos vermelhos, curtos, a mostrar as pernas?
R. – Ali sou a Rosinha. Toda a gente conhece a Rosinha. A Rosa Maria, muito pouca gente conhece.

(…)

C.F. – Como é que te fazem falta?
R. – Nas maiores barbaridades que eu possa cantar e eles dizerem: “Tão bom, filha”. Falta-me o apoio, o amparo. Lembro-me, em miúda, de estar a aprender acordeão, e os meus tios, na chaminé do fumeiro, estarem, ele a assobiar e ela a trautear músicas do tempo deles, para que eu apanhasse uma notazita. E o meu pai… ficava horas e horas, na carrinha, à minha espera. No regresso a casa, ele dizia-me: “Hoje arrancaste umas cepas boas”. (Risos) Eram erros que eu fazia.

C.F. – O teu pai ainda te viu a ter muito sucesso, mas o que é que achas que ele sentiria desta Rosinha que, entretanto, já há tantos anos é o sucesso que é?
R. – O meu pai estava no hospital, em Setúbal, e eu ia à televisão. Quando eu aparecia na emissão, ele tocava na campainha de emergência, só para dizer: “É a minha filha”. (Muito emocionada) É disto que sinto falta.

C.F. – De ver o orgulho nos olhos dele?
R. – Claro que sim. É muito bom, não é? (Chora intensamente) Ali é o nosso porto seguro. Tudo pode estar a cair, tudo pode estar a acontecer de mal na nossa vida, mas chegamos ali, àqueles olhos, àquele abraço, àquela casa, e é tudo seguro. Ali, estava salva.

C.F. – Estavas num concerto quando ele morreu. Equaciona-se muito a vida, nessas alturas?
R. – Estava nos Açores, em São Miguel, e o meu pai estava realmente muito mal. Eu já tinha deixado os meus documentos com um amigo, na agência funerária, para alguma eventualidade. Podia estar nos Estados Unidos ou na Austrália, e não chegar rapidamente.

C.F. – Isso não te fazia confusão, não estares se o teu pai partisse?
R. – Fazia-me muita confusão o sofrimento do meu pai. Isto é estranho estar a dizer, mas o meu pai estava “podre” da cintura para baixo. Consciente e com dores inimagináveis.

C.F. – Chegaste a pedir que…?
R. – Nunca pedi.

 

A entrevista completa pode ser lida na revista CRISTINA de julho.

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