O intestino é um dos órgãos mais especiais que temos no nosso corpo. Tem 100 triliões de bactérias que nos permitem viver, e que nos defendem de doenças, e atua autonomamente em relação ao cérebro. Porém, o cancro colorretal é também um dos mais mortíferos e a segunda causa de morte mais frequente nos países ocidentais.
Dá-se-lhe o nome de “segundo cérebro” porque, ao contrário de todos os outros órgãos do nosso corpo, o intestino pode funcionar sozinho, tem autonomia, e não precisa que o cérebro lhe diga o que fazer. Grande parte da nossa saúde depende dele, pois é no intestino que se concentram 70% das células do nosso sistema imunitário. Para um bom funcionamento, precisa de uma dieta o mais variada possível – que será responsável por um microbioma mais diverso – e de baixos níveis de stress.
[…]A transformação de um pólipo benigno num tumor maligno pode dever-se a alterações, hereditárias ou espontâneas, dos genes que controlam as células. Dessa forma, a deteção precoce e a remoção dos pólipos permite diminuir substancialmente a probabilidade de doença grave.
O nome colorretal dá-se precisamente porque este cancro pode surgir na parte superior do intestino, o cólon, ou na parte inferior do mesmo, o reto. É frequentemente assintomático e pode só apresentar sintomas numa fase mais avançada da doença. Ainda assim, alguns sintomas iniciais podem ser dor abdominal, alteração do habitual funcionamento intestinal da pessoa, emagrecimento, anemia e sangue nas fezes. Em fases mais avançadas, pode acontecer uma
oclusão intestinal, em que o crescimento do tumor acaba por obstruir o intestino, com paragem de emissão de gases e fezes, “o que constitui uma emergência”, ressalva o médico.
O rastreio salva vidas. O rastreio está recomendado para todas as pessoas a partir dos 50 anos, idade a partir da qual o risco de doença aumenta exponencialmente. Ainda assim, Pedro Narra Figueiredo acrescenta: “Tem havido um aumento da incidência em idades jovens, pelo que está em consideração a antecipação da idade do rastreio para os 45 anos”.
[…]Depois do diagnóstico, o tratamento depende da fase em que o tumor está. Entre as várias possibilidades, pode conseguir-se a cura através da colonoscopia numa fase muito inicial, até à cirurgia, quimioterapia e radioterapia. A esperança de vida depende também da fase, do estádio em que o tumor está. “É mais elevada quando o cancro está limitado à parede do intestino e mais baixa quando já estão outros órgãos invadidos. De qualquer forma, podemos dizer que cerca de metade dos doentes com cancro do intestino sobrevivem”, acrescenta o presidente da SPG.
Se tem curiosidade sobre este tema, leia o artigo que está disponível na página 92 a 95 da revista CRISTINA de junho.