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Quem é a Ana Moura para além do fado?

Jan 6, 2024 | Revista

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Jan, 2024

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“Lá vai ela, lá vai ela” é um dos temas do mais recente trabalho apresentado pela fadista ao grande público.

Nesta conversa, a artista que todos conhecemos desvenda forças e inseguranças. Mostra certeza do caminho. Quer combater preconceitos e escolheu posar com bailarinos que admira. A maternidade deu-lhe um superpoder e, agora, está
pronta para levar tudo à frente.

CRISTINA. – Percebeste que a música podia ser o teu caminho e era para cantar o quê?
ANA MOURA – Não sabia bem. Sentia que tinha vocação, mas não sabia o género. Desde pequenina que gosto de fado e, nesses convívios com amigos dos meus pais, cantava-se muito fado, e lembro-me de gostar sempre. Depois, comecei a crescer e a escolher ouvir outras coisas que os meus pais não ouviam em casa. Comecei a gostar de outros géneros. Cheguei a gravar, com 19 anos, um disco de pop rock.
C.F. – A sério?
A.M. – A sério. Que nunca foi editado.
C.F. – Mas devias!(Risos) A primeira Ana!(Risos)
A.M. – Tinha músicas muito giras, por acaso. (Risos)
C.F. – Quem é fadista diz que o fado os escolheu. No teu caso, não foi.
A.M. – Por acaso, até podia dizer essa frase. Quando estava a gravar esse disco, inevitavelmente, sonhava com o momento de passar essas músicas para a estrada, mas nunca chegou a acontecer. Porquê? Coincidência: o fado apareceu. Estava com uns amigos num bar, em Carcavelos, e cantei um fado. As pessoas que lá estavam, do núcleo fadista, quiseram apresentar-me a outras pessoas. Foi assim que conheci a Maria da Fé. Por uma coincidência, comecei a cantar na sua casa de fados. De repente, deixei aquele disco de pop rock de parte. Quando cheguei aos fados, fui muito bem recebida pelo núcleo puro e duro. Toda a gente me dizia que eu tinha nascido fadista.

C.F. – Quando soubeste que estavas grávida, o que sentiste?
A.M. – Foi engraçado. O Pedro [Mafama, músico e companheiro de Ana Moura] e eu estamos em lugares diferentes na vida e profissionalmente. O Pedro estava no início. A nossa filha, Emília, tem um ano e meio. Antes da gravidez, falávamos sobre o assunto, mas o Pedro preferia que fosse para mais tarde. Eu concordava. Depois, não sei se sabes como é que aconteceu… (Risos)
C.F. – Não, quero saber tudo!(Risos)
A.M. – (Risos) Foi na altura da pandemia. Fui cantar à Áustria e o Pedro foi comigo. Cheguei lá e acabei por não cantar. O concerto foi cancelado, porque eu estava com COVID. Depois, o Pedro também testou positivo.
C.F. – A COVID foi muito boa para ti. (Risos)
A.M. – Foi muito boa para mim e para a Casa Guilhermina [nome do último disco de Ana Moura]. (Risos) Ficámos 16 dias fechados no hotel, sem nada para fazer. (Risos) E pronto. Literalmente, foi assim que aconteceu.

C.F. – Qual foi a coisa mais bonita que os teus pais já te disseram?
A.M. – A minha mãe diz-me muitas vezes que eu sou a luz da vida dela. Isso tem muito significado para mim. O meu pai já me disse tanta coisa bonita, também… Foram mais atos do que palavras. Eles demonstram que me amam incondicionalmente.
C.F. – Nunca te questionaram, neste processo de mudança musical?
A.M. – Nunca, embora sentisse que também tinham as suas inseguranças, mas acreditavam em mim. Estão sempre ao meu lado, mesmo que não entendam, porque acontece, pertencemos a gerações diferentes. Às vezes, não compreendem
o que quero dizer, o que quero fazer, mas fazem por se refrescar e por acompanhar. São mesmo os meus maiores parceiros. Ajudam-me em tudo.

C.F. – Ana, que tenhas tudo o que desejas da vida. O teu último ano já foi extraordinário em termos de presença, de evolução, de tudo, mas que assim continues. Todas as Anas que aparecerem, estou aqui para as receber.
A.M. – Muito obrigada.

“Lá vai ela, lá vai ela” e nós sabemos que ela há de ir muito longe.

Realização Rúben Osório

Bailarinos  Dark Skin Gyal, Mário Filipa, Will Pucena

Fotografia João Paulo

Maquilhagem Inês Aguiar

Cabelos André Neto Oliveira

Produção Olívia Rugani

Making of Inês Neves

Vídeo Jorge Frade e João Afonso

Edição Jorge Carvalho

Catering Manjerica Lisboa

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