Tomei uma decisão. Mais uma no meio de tantas. Nunca tive problemas em as tomar e sou muito rápida a fazê-lo. Tenho 43 anos. Nasci num lugar perto da Malveira, mas isso já sabem. E é o “já sabem” que me leva a esta decisão. Quantas pessoas neste país acham que sabem de mim? E o que sabem? Quando escolhi uma vida pública não sabia a dimensão que viria a tomar essa decisão. Faço o meu caminho na tentativa de me realizar pessoal e profissionalmente. Eu e cada uma das pessoas que tem a sorte de viver. E viver é tudo aquilo que apaixona. Sem julgamentos e na liberdade que me é concedida. Continuo livre mas os últimos tempos têm-me aprisionado numa “jaula” que não é minha. Calei-me. Calei-me porque preferi observar. Vi-me de fora como se não fosse eu a protagonista. Ouvi, li e contaram-me tudo o que se diz, escreve e acrescenta, para não dizer inventa, de mim. Deixei. Vai continuar a escrever-se. Mas prefiro que me leiam. Em 2013 lancei um blogue que tinha como objetivo dar-me a conhecer para lá da televisão. A partir de determinada altura deixei de partilhar textos meus porque davam sempre origem a notícias, muitas vezes sem contexto, o que me levou a não ter vontade de partilhar nada. E com muita pena minha. Gosto muito de escrever sobre mim, o que gosto, não gosto e sinto. Nos últimos tempos não escrevi nada e tenho todos os dias muitas “notícias” Cristina. E, por isso, apetece-me voltar a escrever-me. Será a minha verdade. Olhada por quem a quiser ouvir ou ler. Porque, nas decisões que tenho tomado, há uma da qual não me desviarei nunca: a de ser feliz no meu caminho e ajudar quem comigo se cruza a fazer melhor o seu. Talvez por isso tenha a meu lado os de sempre. E esses não precisam de me ler. Sabem-me. Como ninguém.